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Arte: Priscila Roque e sua monografia #2

Esse post faz parte da monografia “Os Cães de Elliott Erwitt“, produzida por Priscila Roque, como estudo de conclusão de curso da Pós-Graduação em Jornalismo Cultural da FAAP (2010).

Antes de continuar a leitura deste post, leia o post anterior:
#1

Recorte: o cão no Renascimento

Pesquisando a imagem do cão nas pinturas, nas esculturas e, posteriormente, em fotografias, é possível descobrir detalhes históricos e culturais do mundo passado. As primeiras pinturas que se tem notícias foram descobertas na Argélia e datam de 6000 a 1500 antes de Cristo. A Alta Idade Média, por exemplo, foi o período em que o cão viveu sua fase negra. Superstições apontavam para o animal como um ser perigoso e relacionado a bruxos e vampiros. Com isso, obras continham cães sem cabeça ou com os lábios pretos. Foi nessa época em que a palavra “cachorro” se tornou um insulto.

'The Vision of St Eustachius', de Antonio Pisanello (1438-42)
“The Vision of St Eustachius”, de Antonio Pisanello (1438-42) (Fonte: The Dog: 5000 Years of the Dog in Art)
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Da Baixa Idade Média até o Renascimento, o conceito se inverteu. O cão, agora, aparece nos trabalhos religiosos acompanhando santos e mostrando, até mesmo, uma forma física mais realista. Isso pode ser comprovado na obra “The Vision of St Eustachius“, datada de 1438-42, de Antonio Pisanello. Ele, que é dos pintores mais respeitados do Renascimento, revelou em suas telas a natureza da época, principalmente as plantas e os animais. Com traços detalhados, ele explorava, principalmente, a anatomia .

'The Arnolfini Marriage', de Jan Van Eyck (1434)
“The Arnolfini Marriage”, de Jan Van Eyck (1434) (Fonte: Dog Painting – A history of the dog in art)
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Entretanto, não é somente o conceito religioso que marcou essa fase, o cão como uma representação de sentimento humano também aparece neste momento. Jan Van Eyck foi o responsável por um dos primeiros e mais famosos retratos com cães. A obra intitulada “The Arnolfini Marriage“, de 1434, representa o amor entre o casal. Apesar de parecer teatral e posado, na cena consta o cão da raça Bruxelas Griffon, típico da região de Bruges (local em que o quadro foi pintado). Ele teve a pelagem pintada com bastante precisão, assim como as demais áreas da obra. Sua presença pode representar a fidelidade do casamento, como uma figura que sela o amor do casal.

'Satyr Mourning Over a Nymph', de Piero di Cosimo (1495)
“Satyr Mourning Over a Nymph”, de Piero di Cosimo (1495) (Fonte: The Dog: 5000 Years of the Dog in Art)

Na pintura “Satyr Mourning Over a Nymph” (figura acima), de Piero di Cosimo, produzida em 1495, outra referência a esse tema: um enorme cão marrom aparece aos pés de uma moça morta. Aqui, é como se o artista imprimisse no cachorro sentimentos humanos. Ou seja, na verdade, o animal está na pintura para enfatizar a dor de uma cena triste – um artifício usado por muitos outros artistas da época não somente com cães, como também com cavalos, já que esses bichos eram os mais próximos do homem.

Fontes: The Dog: 5000 Years of the Dog in Art / Dog Painting – A history of the dog in art

Os Cães de Elliott Erwitt“, por Priscila Roque.
Estudo de conclusão de curso da Pós-Graduação em Jornalismo Cultural da FAAP (2010).
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