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Arte: Priscila Roque e sua monografia #6

Esse post faz parte da monografia “Os Cães de Elliott Erwitt“, produzida por Priscila Roque, como estudo de conclusão de curso da Pós-Graduação em Jornalismo Cultural da FAAP (2010).

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Recorte: um olhar de Elliott Erwitt

Diante dos traços geométricos usados a favor do destaque dos cães, está essa fotografia. O primeiro impacto da imagem é, sem dúvidas, o desespero do animal por estar preso, visível em suas orelhas baixas como sinal de submissão. O cão está sujeito a viver em cativeiro porque é um animal domesticado para servir ao homem. Mesmo os cães de rua podem sofrer essa situação. Se em algum momento oferecerem perigo para a sociedade, esses bichos são capturados pelo centro de zoonoses e enjaulados, feito selvagens. Aqui não se sabe ao certo qual é o contexto. De acordo com as características físicas do cão que está em primeiro plano, comparadas as dos demais que aparecem ao fundo, trata-se de um canil com exemplares adultos da raça Labrador. O que os diferencia é somente a cor. Ainda sob o contexto das tonalidades, é curioso perceber que o único ponto realmente escuro da foto é o cão que aparece como assunto principal. O fundo, que está bem iluminado, deixa os demais cães claros como um pano de fundo somente, sem grande destaque. Contudo, essa fotografia também pode ser interpretada como uma chamada ao racismo, visto que o cão do primeiro plano – aquele que parece implorar por sua saída – é escuro, enquanto aqueles que formam um grupo mais ao fundo são todos claros. Apesar da tristeza transparecer em todos os animais (perceptível em suas faces, sóbrias e sem interatividade), aquele que faz notar a situação, de imediato, é o cão que aparece em tamanho maior. Observar seu ato carrega o olhar, automaticamente, para os demais em busca de uma outra informação sobre estado daquele local.

Dog Dogs
Normandy, France (1995) (Fonte: Dog Dogs)

Diferentemente daqueles profissionais do passado que colocavam roupas nos pets para deixar a imagem com um toque humorístico, Elliott usa do enquadramento, de suas técnicas de fotografia e de seu feeling para uma determinada cena fazer parecer aquilo que ele quer. Usando da ingenuidade do cão, lembrada por Ernst Haas, ele conta a história da forma que deseja, seja ela de protesto, de atenção ou somente por pura diversão.

Os Cães de Elliott Erwitt“, por Priscila Roque.
Estudo de conclusão de curso da Pós-Graduação em Jornalismo Cultural da FAAP (2010).
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